segunda-feira, junho 19, 2006

Tremores e suores

- Corre, corre, corre e não pares!
Disse ele, eu sem pensar assim fiz, comecei a correr, a principio o arranque foi normal mas passados alguns momentos uma força começou a reter-me a corrida, com movimentos preestabelecidos e naturais o meu corpo começou aquela dança de correr para a frente e levantar os braços, e ele gritava:
- Corre, corre e não pares, isso está bom, agora não podes mesmo parar, vai corre.
Continuei a lutar contra a força que me retinha a marcha puxando-me para trás, levantei os braços e como que por magia a força acalmou, passando no entanto a puxar-me para cima, mas que raio pensei, não parava de correr e fazer força, os músculos do meu corpo começaram a dar sinais de quererem ceder perante a mistura de nervosismo, ansiedade e força exercida.
- Corre, corre, vais bem. – Gritava ele – Está quase mais um pouco.
E eu corria, corria, corria até que… o chão tinha fugido debaixo dos meus pés, quê!, mas que raio, o chão não estava por debaixo dos meus pés eu estava a correr no ar, de repente uma voz grita aos meus ouvidos:
- Muito bem, larga as bandas e senta-te.
Bandas mas quais bandas, mas que raio são as bandas?, pensei, há devem ser estas cordas que tenho nas mãos, larguei-as e puxei a cadeira que tinha por baixo, sentei-me e voltei a agarrar as cordas, nesse momento o meu cérebro acordou, sim bandas sim cadeira sim correr, eu conheço estes procedimentos todos são… mas os meus pensamentos foram interrompidos novamente pela voz:
- Puxa a banda da direita e vira começando a colocar-te em posição.
Assim fiz, puxei a banda da direita e comecei a virar à direita, olhei para baixo e vi alguém a acenar, a voz falou novamente:
- A partir de agora quem te guia é o homem do chão, ok?
Eu respondi automaticamente. – Certo. – Será que a voz me tinha ouvido, pensei.
Reparei que o homem do chão me acenava e que rapidamente me deslocava na sua direcção, ouço a voz no entanto uma voz diferente agora deve ser o homem do chão, pensei.
- Certo, vais bem assim, agora sai da cadeira e começa a correr.
Assim fiz, que sensação engraçada e de leveza eu de pernas penduradas no ar a correr sem o chão por baixo, no entanto este aproximava-se rápida e perigosamente, tão rápido que os meus pés lhe tocaram logo de seguida, corria, corria, corria, o chão era de areia, os meus pés enterravam-se até aos tornozelos atrapalhando os meus movimentos fazendo com que eu quase tropeça-se e caísse, a voz novamente ecoou na minha cabeça:
- Vais bem, corre não pares, isso, isso, agora puxa as bandas para baixo, rápido tudo até cá em baixo, força, força, isso vira-te e puxa, isso, isso e pronto já está muito bem.
Tinha parado, estava na praia os pés enterrados na areia até aos tornozelos, o meu corpo tremia do esforço físico, o suor escorria por todos os meus poros, tinha terminado.
A primeira voz volta a ecoar na minha cabeça, nessa altura fez-se luz a voz vem do auricular que eu tenho no ouvido, dizendo:
- Muito bem parabéns.

Olhei para o relógio, tinham passado cinquenta segundos desde que tinha começado a correr, cinquenta segundos pensei, mas como assim pareceram-me mais duas horas que cinquenta segundos, junto a mim surge o homem do chão e diz:
- Então gostaste? apreciaste a vista?
- Vista que vista? – Perguntei.
- Que vista o mar à tua frente.
- O mar? – Olhei e só então reparei que à minha direita estava o grandioso Oceano Atlântico, fiz uma retrospectiva mental do que se tinha passado e então sim, tinha visto o mar verde e azul, o céu azul as nuvens brancas, bandos de gaivotas, casas e pessoas, crianças e animais a brincarem na areia, tinha visto isso tudo, sim eu tinha visto no entanto não dei conta de nada, tudo se tinha passado num ápice, apenas o meu cérebro memorizara aquelas imagens.
Olhei para cima e vejo no alto de um declive de cerca de trinta metros os outros colegas a descolar, rapidamente se me juntaram na praia, também eles nervosos, também eles confiantes que da próxima vez iríamos apreciar a vista e sentir outras novas sensações, tinha sido assim o meu primeiro voo de parapente.

1ª voz, Paulo Manso – Instrutor de parapente na Associação Asas Livres, local onde ainda estou vinculado para acabar a minha formação.
Homem do chão, João Paulo.

Aqui fica o site da Associação http://www.asas-livres.com/

18 comentários:

Anónimo disse...

Quando começei a ler, pensei que fosses um anjo :p, uhg ugh...

Deve ser uma sensação, como que de absorção,(por causa dos poros)
Conselho para o acne (fazer amor, diz que limpa a pele, ou os poros, qualquer coisa :))

Agora a serio:Deve ser uma sensação unica, tipo-sou um passarão ih,ihih. Tambem gostava de fazer um voo...contigo de preferência ;)))

Anónimo disse...

UAU, que experiência, deve ser fantastico. Eu acho que não teria coragem de saltar para o nada... mas deve ser uma sensação de tipo, sentir o "estomago na boca"?

bejos

Anónimo disse...

...por um momento esqueci o que fazia e mergulhei nesse vôo...nesse turbilhão de emoções...

Deve ser um misto de sensações 1º medo,2º alívio e 3º liberdade...

Deves sentir que estás em sintonia com a Natureza entre o Céu e o Mar...tu comandas!tu controlas!

A Arrábida é um sitio magnifico onde o possas fazer é mágico... onde o Céu toca o Mar...a sua sintonia não tem palavras...

È uma tranquilidade a sua beleza Natural não tenho palavras para o descrever porque não existem...

Amei;))))

Beijocas

Anónimo disse...

bla, bla, bla, bla, bla, bla, bla, bla, bla, bla, bla, bla, bla, bla, bla, bla, bla, bla, bla, bla, bla, bla, bla, bla,

...enfim tou cansado de escrever

;)))))))))))))

Anónimo disse...

...então não escrevas boa!!!

Anónimo disse...

anonimo
Agora tiveste bem :=)
não se percebe como é que não se tem palavras para escrever, e depois desbobina este testamento...
Vá se lá entender

Anónimo disse...

"Bolachinha" eu estava a responder a(o)happywoman e não ao embrulho;)))

Adorei o que o embrulho escreveu:P

Anónimo disse...

anonimo
- é! o embrulho escreve algumas coisitas jeitosas ;)
1 ponto para ti
- Conforme podes ver, na minha ultima palavra (bla) parei de escrever,LOL LOL

bolachinha
andas um bocado distraida...deixa lá que isso passa

Anónimo disse...

Tantas palavras que se escrevem...

jmafa
denotas uma grande sensibilidade ;p Gostei muito
Beijinhos

Anónimo disse...

...são palavras que exprimem os sentimentos de alguém ... ou de vivências...sim são palavras!Nada mais que palavras...

Anónimo disse...

embrulho

"...palavras, leva-as o vento..." o que exprime os sentimentos são os actos, os gestos, as atitudes! Nada mais...uma palavra é fácil de escrever ou dizer, mas os actos demonstram tudo.

Anónimo disse...

Tigresa

...Palavras, palavras...mas há palavras que o vento não as leva, aquelas que levam nas suas asas os seus sentimentos...essas são eternas e únicas...

...palavras são só palavras, quando por detrás delas não está um coração com grande sensibilidade...

Anónimo disse...

Jmafa,

Acaba lá a tua formação para fazeres uns vôos com o pessoal;))))

Beijocas

Anónimo disse...

ehehhhee tbm quero!!!!

Bjs

Anónimo disse...

Embrulho
A tigresa tem razão...e infelizmente falo com conhecimento de causa.

jmafa
também quero voar :)))

Anónimo disse...

Happywoman

...melhores dias virão:))))

...continuo a não concordar... palavras complementam os actos...


"Nenhuma palavra
alcança o mundo, eu sei
Ainda assim,
escrevo"

Mia Couto, Poema da Despedida

Bjs

Anónimo disse...

Jmafa,

Ops!Esqueci de dizer!Se ainda houver vagas também quero voar...ou seja descolar...

ehehhhhe

;))))))

Beijocas

Anónimo disse...

...mais vale um olhar que mil palavras...mas esse olhar acompanhado com uma só palavra vale tudo...

;)))))