segunda-feira, maio 29, 2006

Oficinas

Porque será que de cada vez que eu vou a entrar com o meu carro numa oficina, tenho literalmente a sensação de que estou a ser roubado?, ainda mal entrei e já estou a pagar.
- Bom dia era para ver o óleo por favor, pode ser? – digo eu.
- Hum não sei se temos tempo agora, vou falar com o chefe da oficina, logo aqui começa a sensação, ora bem se ele vai falar com o chefe estou a ocupar tempo, como tempo é dinheiro, cá está o pagamento.
- Se não puderem eu espero ou então vou a outro sítio. – Respondo eu antes de ele se afastar, que fui dizer, a pior das ofensas, volta-se para mim com os olhos a faiscar e diz:
- É assim já lhe disse que vou falar com o chefe da oficina mas se não quer estar á espera o Sr. é que sabe.
- Não, não eu espero. – Remato em jeito de desculpa, desculpa pois, não vão eles contar isto como mais uma hora de trabalho.
Passados quinze desesperantes minutos eis que surge a resposta:
- Bom temos uma desistência agora às dez horas, quer aproveitar?
- Claro mas posso saber mais ou menos quanto é o orçamento?
- O Sr. não pediu orçamento, e só depois de se começar a trabalhar é que podemos dizer quanto é, só depois de abrir. – Nesta altura penso em desistir, eles vão levar-me o couro e o cabelo mas… tenho mesmo de mudar o óleo e os filtros e eu não sei como faze-lo.
- Certo então e quanto tempo demora? – Pergunto.
- Em principio uma hora, podemos avançar com o serviço?
- Sim, sim claro, eu espero.

Ali fico parado o mais calado possível para não darem por mim, não a minha presença incomodar o trabalho e assim fazer com que aumente a de si já grande conta que terei de pagar, ali fico parecendo um condenado á espera do veredicto final da sua sentença, calado, mudo.
Começo a fazer as minhas contas, ora então, cinquenta euros pelos filtros, oitenta euros pelo óleo, sessenta euros pela mão de obra será um total de cento e noventa euros mais Iva, sim deve andar á volta disso tenho a certeza, fico extremamente contente comigo mesmo cheguei a um valor aproximado, afinal é mais ou menos aquilo que tinha em mente.
Duas horas depois lá vem o veredicto, como um condenado avanço para o balcão logo após ter sido chamado, os meus passos são pesados, a minha respiração está acelerada, não ouço nada nem vejo mais ninguém que não seja o homem com a conta na mão por de trás do balcão, avanço com medo e receio, - Sim, já está pronto? – Questiono timidamente.
- Sim já está.
- Então e de resto estava tudo bem?
- Não, houve um problemazito.
O meu coração dispara, parece que vai saltar pela boca, os meus olhos ficam marejados a língua seca, as pernas começam a perder as forças que virá ai, penso, questiono quase em murmúrio:
- Então e que problemazito tinha?
Já repararam a maneira como eles nos previnem das más noticias, tipo o médico a falar com a família do paciente antes de lhes dar a má noticia, é através da palavra problemazito, problemazito, mas qual problemazito, são tudo problemas, problemas esses que nos fazem pagar mais do que aquilo que contávamos e queríamos.
- Bem o problemazito foi com a carrapeta da parafuseta.
- Que? Com que?
- É uma peça que estava já a roçar o pedal do disco, de maneira que não se conseguia colocar a parafuseta dentro da carrapeta o que fazia com que o Sr. não conseguisse carregar no pedal de maneira a obter a máxima potência do dínamo encarregado de carregar o nível do deposito de água.
- Há, pois, certo percebi. – bulhufas não entendi nada, mas não vou dar parte fraca, até porque se pedisse que me volta-se a explicar isso iria de certeza aumentar a conta, tempo é dinheiro. – Então e quanto é? - Questiono, a questão fundamental nua e crua, faço-a sem medos.
- Deixa cá ver, ora os filtros, o óleo, a carrapeta da parafuseta, a mão de obra, o imposto de tal, a taxa de qual, o Iva, são duzentos e noventa euros no total.
- Quanto? – Pergunto incrédulo, como é que uma conta de cento e noventa euros passa a duzentos e noventa, assim sem mais nem menos?.
- Duzentos e noventa euros, já com tudo. – e olha para mim com os olhos de esguelha como quem pensa:
- Hum não queres é pagar ou queres então arranjar barulho, mas se é isso estás feito que vou ali buscar uma chave de xadtes e dou-te com ela na mona, experimenta para veres.
- Certo, posso passar um cheque? – digo.
- Mas claro. – Mudando rapidamente de olhar.
- E é á ordem de quem?
- Oficinas roubamos pouco, lda.
- Certo, aqui tem.
Quando saio de lá continuo com a mesma sensação de quando entrei, que fui roubado e ainda por cima já o sabia de ante mão, mas que fazer, nem por quinhentos euros eu fazia o trabalho, por isso lá continuarei a ir ser roubado de cada vez que as luzes do tablier começarem a acender tipo arvore de natal :(

4 comentários:

Anónimo disse...

Quem é preguiçoso, e prefere pagar serviço só tem o que merece! por isso não te queixes...paga e não reclames. ;)))

Anónimo disse...

Bom Tigresa!!!Hoje não estás pelos ajustes com o Jmafa...



Jmafa

Eu sou uma previligiada quanto a esse assunto e acho que alguns de nós tbm;)))

Beijocas

Embrulho

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...
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